Após um longo tempo, a página está voltando a divulgar as postagens desse blog. Espero que você que esteja lendo essa e outras matérias, estejam gostando do conteúdo que está sendo veiculado nesta página.
Contexto Histórico
No ano de 2022, foi realizado o Censo Demográfico, uma coleta de informações conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse levantamento tem como objetivo reunir dados estatísticos que possam nortear ações do governo brasileiro, especialmente no enfrentamento das desigualdades sociais e regionais.
Inicialmente, o Censo estava previsto para o ano de 2020, pois já haviam se passado dez anos desde o último recenseamento, realizado em 2010. No entanto, o surgimento da pandemia de Covid-19 levou ao adiamento da pesquisa para 2021. Na ocasião, o IBGE já havia contratado cerca de 200 mil recenseadores para a coleta dos dados, que ocorre por meio de visitas às moradias da população residente. São levantadas diversas informações, como renda, composição familiar, gênero, entre outros. Pela primeira vez, também seriam coletados dados sobre pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), representando um marco importante na inclusão dessa população nas estatísticas oficiais do país.
Contudo, o Censo foi novamente adiado, dessa vez devido a cortes no orçamento destinado à sua realização. O Congresso Nacional aprovou uma redução de 96% no valor originalmente previsto, que caiu de R$ 2 bilhões para R$ 71,7 milhões. Posteriormente, após a sanção do orçamento de 2021 pelo então presidente Jair Bolsonaro, o montante foi reduzido ainda mais, chegando a apenas R$ 50 milhões.
A medida gerou críticas por parte de especialistas. Pesquisadores alegaram que a ausência de dados atualizados prejudicaria o direcionamento de políticas públicas, especialmente em áreas mais vulneráveis e fortemente afetadas pela pandemia. Segundo Eduardo Marques, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), “os dados oriundos do recenseamento seriam essenciais para o planejamento de políticas de saúde e de distanciamento social, de otimização dos transportes e de outras maneiras de reduzir o contágio da Covid-19”.
Diante da situação, o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de decisão colegiada, determinou a realização do Censo em 2022. O relator do caso, ministro Gilmar Mendes, argumentou que o adiamento para esse ano mitigaria os riscos de contágio enfrentados pelos recenseadores durante a pandemia, além de ressaltar que a não realização do recenseamento comprometeria a manutenção dos princípios democráticos do país.
Apesar das dificuldades, o Censo foi finalmente realizado. Os recenseadores visitaram cerca de 70 milhões de domicílios em todo o território nacional, abrangendo os 26 estados e o Distrito Federal. A coleta de dados foi feita presencialmente, por telefone e também pela internet, ao longo do segundo semestre de 2022.
População total
Segundo os dados divulgados pelo IBGE, o Brasil atingiu a marca de 203 milhões de habitantes, o que representa um crescimento de 6,4% em relação ao Censo de 2010, quando a população era de aproximadamente 190 milhões. Já de acordo com a estimativa de 2024, a população brasileira estaria alcançando 212 milhões de habitantes — um aumento expressivo que reflete a tendência contínua de crescimento demográfico no país.
Logo abaixo, seguem as imagens com os dados populacionais do Brasil:
No caso do Distrito Federal, a população total já ultrapassa os 2,8 milhões de habitantes, aproximando-se da marca dos 3 milhões. O que chama atenção é que, segundo o projeto urbanístico original de Lúcio Costa, o DF foi planejado para abrigar cerca de 500 mil pessoas. No entanto, devido à forte imigração de pessoas vindas de outros estados e ao crescimento urbano desordenado, sem o devido planejamento, a população cresceu de forma acelerada, impondo desafios muito diferentes dos que foram inicialmente previstos.
População rural e urbana
A população urbana no Brasil atingiu cerca de 87% do total, o que corresponde a aproximadamente 177,5 milhões de habitantes. Esse dado reforça a tendência de crescimento contínuo da população urbana no país. Em comparação com o Censo de 2010, quando o percentual era de 84%, observa-se um aumento de cerca de 16 milhões de pessoas vivendo em áreas urbanas.
Paralelamente, houve uma queda mais acentuada na população rural, com uma redução de aproximadamente 11%. Essa diminuição foi registrada em todas as regiões do país. Atualmente, cerca de 25 milhões de pessoas vivem em zonas rurais.
No caso do Distrito Federal, cerca de 2,7 milhões de pessoas vivem em áreas urbanas, o que representa a grande maioria da população, concentrada nas regiões administrativas. Por outro lado, a população rural corresponde a aproximadamente 99 mil habitantes, evidenciando a forte urbanização do território brasiliense.
Na temática de gênero e raça, já é possível observar uma mudança significativa no perfil da população brasileira. Pela primeira vez, desde 1991 (ano em que o IBGE passou a incluir essa variável nos questionários), o número de pessoas que se autodeclaram pardas superou o de pessoas que se autodeclaram brancas. Segundo os dados do Censo de 2022, 45,3% da população se declarou parda, enquanto 43,5% se declarou branca.
O termo "pardo" é utilizado pelo IBGE para designar pessoas de origem mestiça, ou seja, resultado da mistura étnica entre brancos, negros e indígenas.
População por gênero
Na questão biológica, a população brasileira é majoritariamente formada por mulheres. Segundo o Censo, cerca de 104,5 milhões de habitantes são do sexo feminino, enquanto 98,5 milhões são do sexo masculino. Isso significa que há aproximadamente 94 homens para cada 100 mulheres no país.
Vale destacar que esse recorte considera apenas o sexo biológico. Questões relacionadas à orientação sexual e identidade de gênero não foram abordadas neste levantamento, pois o IBGE ainda não disponibilizou dados oficiais sobre essas categorias até o momento.
Entre as unidades da federação, Mato Grosso, Roraima, Tocantins e Acre são os estados com maior percentual de homens em relação às mulheres. Já Rio de Janeiro, Pernambuco, Sergipe e o Distrito Federal apresentam os maiores percentuais de mulheres em comparação aos homens.
Numericamente, a diferença entre os dois grupos é de cerca de 6 milhões de pessoas a mais do sexo feminino.
Um dos principais fatores que explicam a menor proporção de homens na população está relacionado à alta taxa de mortalidade masculina. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022, 91,4% das mortes violentas intencionais no país tiveram como vítimas homens, enquanto apenas 8,6% foram mulheres.
Nas imagens abaixo, estão os dados estatísticos da população brasileira por sexo biológico.
O recenseamento é fundamental para a população, pois é por meio desses dados oficiais que os governos municipal, estadual e federal poderão adotar políticas públicas eficazes, capazes de melhorar a qualidade de vida da população.
Referências
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