No embalo dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 (adiado por 1 ano, devido a pandemia da Covid-19), estou postando neste blog, os mapas com a distribuição geográfica das instalações dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.
Não foi a primeira vez que o Brasil se candidatou para receber uma Olímpiada. A primeira candidatura que o Brasil apresentou para sediar os Jogos Olímpicos, foi para receber a edição das Olímpiadas de 2000, quando a cidade de Brasília, foi escolhida para pleitear o direito de receber uma Olímpiada. Porém a campanha não foi muito longe e acabou sendo eliminada. No fim, quem acabou sendo a escolhida, foi a cidade de Sydney, na Austrália.
Porém, o Brasil tentou, mais duas vezes, a possibilidade de sediar uma Olímpiada. Mas, dessa vez, a cidade escolhida foi a do Rio de Janeiro, que se candidatou para receber os Jogos de 2004 e 2012. Porém, em ambas as tentativas, foram em vão, pois a cidade não avançou para as fases seguintes. Em 2004, Atenas (Grécia) foi a escolhida. Já em 2012, foi a cidade de Londres (Reino Unido).
Apesar das tentativas sem sucesso, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) apresentou novamente, a cidade do Rio de Janeiro, para ser a candidata a sediar os Jogos de 2016. A campanha começou em 2008, quando a cidade carioca concorreu com Baku (Azerbaijão), Praga (República Tcheca), Doha (Catar), Tóquio (Japão), Chicago (Estados Unidos) e Madri (Espanha).
A disputa começa com a eliminação das cidades de Baku (Azerbaijão) e Praga (República Tcheca), que tiveram a nota abaixo do corte mínimo, que era de 6,0. O Rio de Janeiro avançou com a nota 6,4, que era a menor nota das cidades que passaram para a fase seguinte. Tóquio (9,0), Chicago (8,2), Madri (7,9) e Doha (7,1) tiveram as melhores avaliações do Comitê Olímpico Internacional (COI).
Apesar de Doha ter tido a nota superior em relação ao Rio, a capital do Catar foi eliminada pelo COI, pois o comitê olímpico local, fez a proposta, para que o país pudesse sediar as Olímpiadas, no mês de outubro, pois nos meses de julho e agosto, o país passa por um período de altas temperaturas, chegando a quase 50 ºC, durante a estação do verão. Apesar disso, o COI não aceitou a proposta e eliminou a cidade catariana. Independentemente do ocorrido, o país foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de 2022 e diferentemente do posicionamento do COI, a FIFA concordou em marcar as datas, para os meses de novembro e dezembro, o que irá ocorrer no próximo ano.
Diante de todo o contexto, a prefeitura da cidade carioca, o governo estadual e o governo federal, procuraram fazer uma campanha bastante massiva, para convencer os membros do COI a votarem na cidade do Rio, para que a metrópole pudesse ser escolhida para sediar o evento.
Alguns fatores estavam pesando negativamente para a candidatura carioca, como a questão da segurança e do transporte. Mas ainda sim, o COB procurou se aproximar dos membros do COI, por meio de viagens de políticos, inspeções e dossiês, para convencer os possíveis membros votantes, de que a capital fluminense era a candidatura certa, para sediar as Olímpiadas de 2016.
O Brasil também usou a seu favor, o contexto que o país passava naquele momento, como o fato do país ter se tornado uma importante potência econômica, chegando a figurar entre as 10 maiores forças econômicas do mundo e a descoberta do pré-sal, que fez o nosso país se reposicionar na geopolítica mundial.
No dia 02 de outubro de 2009, o COI organizou um evento em Copenhagen (Dinamarca), onde foi feita a votação, para escolher a cidade que iria sediar a edição de 2016, dos Jogos Olímpicos. A cidade do Rio de Janeiro concorreu com as cidades de Chicago, Tóquio e Madri.
O Brasil enviou uma delegação, que era composto por cerca de 60 pessoas, entre políticos, dirigentes esportivos e atletas. Entre os presentes, estavam o Então Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; o então Presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman; o Ex-presidente da FIFA e então presidente de honra da entidade máxima do futebol, João Havelange; o então Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho; o então Prefeito da cidade carioca, Eduardo Paes (atualmente está exercendo um novo mandato, como prefeito do Rio); o então Ministro dos Esportes, Orlando Silva; o então presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer; o Então Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o então senador pelo Estado do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella.
Estiveram presentes também, atletas como César Cielo (campeão olímpico e mundial, na natação), Daniel Dias (campeão paralímpico, na natação); Ex-atletas como Pelé, Hortência, Gustavo Kuerten e Torben Grael; e até mesmo, o escritor Paulo Coelho.
Como foi falado anteriormente, o projeto apresentou problemas, nos quesitos de transporte e segurança. Entretanto, a candidatura do Rio procurou apresentar, uma proposta de que os Jogos Olímpicos, seriam marcados pelas ações ecológicas. Em uma entrevista para o portal Uol, o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, enfatizou o momento econômico que o Brasil vivia, onde ele argumentou que o Brasil, era a "10ª maior economia do mundo" e deixou claro que, o país teria garantias financeiras para viabilizar o evento.
Após as apresentações das candidaturas, foi iniciada a votação para a escolha da cidade-sede. Naquele ano, 97 membros do COI, estiveram aptos a votar. Dos 97 eleitores, 45 eram da Europa; 22 eram da Ásia; 20 eram das Américas; 15 eram da África; e 4 eram da Oceania.
O primeiro turno da votação ficou assim: Madri, 28 votos; Rio de Janeiro, 26 votos; Tóquio, 22 votos; e Chicago, 18 votos. Para a surpresa de muitos, a cidade norte-americana, foi a primeira ser eliminada, pois a cidade estadunidense era a segunda localidade mais bem avaliada pelo COI. Com isso, Madri, Rio de Janeiro e Tóquio, continuaram na disputa.
No segundo turno da votação, o resultado foi: Rio de Janeiro, 46 votos; Madri, 29 votos; e Tóquio, 20 votos. Assim, a eliminada da vez, foi a capital japonesa, que também surpreendeu o público, pois cidade japonesa era a mais cotada, para se eleger sede das olímpiadas. Com isso, Rio de Janeiro e Madri passaram para a fase seguinte.
Já no terceiro e ultimo turno, o resultado foi o seguinte: Rio de Janeiro, 66 votos; e Madri, 32 votos. Para a surpresa de muitos, a Cidade Maravilhosa foi eleita para sediar os jogos olímpicos de 2016. Um dos fatores que pode ter contribuído para a vitória do Rio de Janeiro, foi o discurso que a candidatura apresentou no evento. Inclusive, o então presidente Lula pediu ao COI para "vencer o desafio", para expandir os jogos olímpicos. Outros fatores foram: a campanha feita por Carlos Arthur Nuzman, frente ao COI; a influencia de João Havelange; e o corpo a corpo com o Pelé, no momento que antecedeu a votação.
Com isso, o Rio de Janeiro se tornou a primeira localidade sul-americana a sediar as olímpiadas, sendo a segunda cidade latino-americana a receber o evento (a única vez que uma cidade da América Latina recepcionou os Jogos Olímpicos, foi a Cidade do México, em 1968). E o Brasil entrou em um seleto grupo, que é composto por México, Alemanha e Estados Unidos, dos países que no intervalo de dois anos, sediaram a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos (O México sediou as Olímpiadas de 1968 e a Copa de 1970; Alemanha recebeu as Olimpíadas de 1972 e a Copa de 1974; os Estados Unidos hospedaram a Copa de 1994 e as Olímpiadas de 1996, e por ultimo, o Brasil recepcionou a Copa de 2014 e as Olímpiadas de 2016).
E assim, o Brasil se inseriu de vez, no mapa dos megaeventos. Tudo começou em 2007, quando a cidade do Rio de Janeiro, sediou os Jogos Pan-americanos; em 2008, o Brasil sediou a Copa do Mundo de Futsal; em 2011, a Cidade Maravilhosa sediou os Jogos Mundiais Militares; em 2013, o Brasil sediou a Copa das Confederações, no mês de junho; já no mês de julho, a capital fluminense sediou a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que atraiu pessoas de vários lugares do mundo e teve a presença do Papa Francisco, que havia sido eleito papa, em março daquele ano, e estava fazendo a sua primeira viagem, como Sumo Pontífice, além de ter ido a cidade de Aparecida do Norte (SP) e celebrado uma missa no Santuário Nacional. Em 2014, o nosso país sediou a Copa do Mundo; em 2016 sediou a Olímpiadas e a Paralímpiadas. E por último, o Brasil sediou a Copa América (nos anos de 2019 e 2021) e o Mundial sub-17 de Futebol (em 2019).
Apesar da vitória da cidade carioca, o COB enfrentou alguns desafios para viabilizar o evento na região. Primeiro, a questão da violência que a cidade do Rio enfrenta, pois esse tipo de situação, gerou uma desconfiança e, deixou no ar, o questionamento sobre as garantias de que a cidade pudesse oferecer segurança para os atletas, turistas e a própria população local. Outro fator, foi o fato dos Jogos Pan-americanos serem alvo de suspeita de corrupção, como no superfaturamento das obras e a má administração.
Apesar do evento inicialmente ter o apoio da população brasileira, alguns questionamentos começaram a surgir na opinião pública em relação a realização do evento. Um dos fatores que começaram a gerar a insatisfação, foi o atraso nas obras de infraestrura e das instalações esportivas, além das manifestações em 2013, que ocorreram durante a disputa da Copa das Confederações.
Inicialmente, as manifestações começaram na cidade de São Paulo. O principal motivo dos protestos, foi o aumento da tarifa de ônibus, trens e metrô, da capital paulista. Devido a isso, o Movimento Passe Livre (MPL) articulou as manifestações contra a medida. Porém com o passar dos dias, o movimento ganhou força e começou a abarcar outras pautas e uma delas, foi o uso do dinheiro nos megaeventos, pois os movimentos sociais criticaram o uso das verbas públicas para os grandes eventos e argumentavam que esse investimento feito para a Copa do Mundo e para as Olímpiadas, poderia ter sido destinado a educação e a saúde.
Além dessas duas situações, os outros fatores foram: resposta a repressão da polícia, que ocorreu na primeira manifestação; o combate a corrupção; a reforma política; fim do foro privilegiado e ate mesmo, a retirada da pauta de um projeto no Congresso, que aprovava a "cura gay", que permitia tratamentos psicológicos de "reversão" da homossexualidade.
Passando por essa contextualização, falaremos agora da realização dos Jogos Olímpicos.
As Olímpiadas do Rio de Janeiro, ocorreu entre os dias 5 e 21 de agosto de 2016. Nesse período, o Brasil enfrentava uma crise política, pois a então presidente Dilma Rousseff, havia sido afastada pelo Senado Federal, por suspeita de crime de responsabilidade. Com isso, o então vice-presidente Michel Temer, assumiu o cargo de forma interina e estava nessa condição, quando ocorreu os Jogos Olímpicos. Ele só assumiria o cargo de forma definitiva, no dia 31 de agosto (dez dias após o fim dos jogos olímpicos), quando ocorreu o impeachment de Dilma Rousseff.
Embora a abertura tivesse ocorrido no dia 05/08, os Jogos Olímpicos começaram dois dias antes, no dia 3, pois nesse dia, foi disputado os primeiros jogos do futebol, que geralmente costuma ocorrer antes da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. A abertura foi no Estádio do Maracanã, que se tornou o primeiro estádio não-olímpico a receber as cerimonias de abertura e encerramento de uma olímpiada [1]. O Ex-maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, foi o responsável por acender a tocha olímpica, dando início aos Jogos Olímpicos[2].
Outra questão que chama atenção, é que, embora as olímpiadas fossem de verão, os jogos olímpicos ocorreram no período de inverno, pois no Brasil, a estação acontece entre os períodos de junho e setembro, pois boa parte do nosso país, está localizado no hemisfério sul. Porém, a cidade carioca não costuma ter uma amplitude térmica maior, o que acaba não sendo perceptível as mudanças do tempo, ao longo do ano.
As Olímpiadas foram disputadas em quatro regiões da Cidade Maravilhosa: Barra da Tijuca (onde fica localizado o Parque Olímpico), Copacabana, Deodoro e Maracanã. As imagens abaixo mostram os mapas de localização de cada instalação olímpica.
As instalações não ficaram restritas a cidade carioca. Cinco capitais brasileiras também sediaram eventos ligados aos Jogos Olímpicos. Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Salvador e São Paulo sediaram as partidas de futebol, e assim, a Olímpiada não ficou restrita a capital fluminense. As imagens abaixo mostram o mapa do Brasil, com a diferenciação das cores para identificar as sedes do futebol, além das tabelas da relação das instalações olímpicas da Rio 2016.
O Brasil subiu ao pódio em 12 oportunidades: atletismo, boxe, canoagem velocidade, futebol, ginástica artística, judô, maratonas aquáticas, tae-kwon-do, tiro esportivo, vela, vôlei e vôlei de praia.
Foi nessa olímpiada, que o futebol brasileiro ganhou a inédita medalha de ouro, com o time masculino; o ouro inédito no boxe, com o Robson Conceição; as três medalhas do Izaquias Queiroz , da canoagem, que se tornou o primeiro atleta olímpico brasileiro a obter esse feito, em uma edição de olímpiada; a conquista inédita do judô feminino, com a Rafaela Silva; entre outros.
Os jogos olímpicos no Brasil trouxe alguns legados que marcaram essa edição. Os legados positivos foram: segundo a reportagem da faculdade de comunicação da Universidade Metodista de São Paulo, um dos legados positivos das olímpiadas foi a receptividade do povo, pois a Professora Andreia Nakane explica que, a característica que o Brasil tem, é de acolher os estrangeiros. Ela também enfatiza que a cidade do Rio ficará na história, por ter sido a primeira cidade da América do Sul a sediar uma edição de Jogos Olímpicos.
Já o Professor Holger Preuss, da Universidade de Mainz, na Alemanha, ao falar com o site Hoje em Dia, afirma que a infraestrutura é um dos legados que os jogos olímpicos trouxe para o Brasil. Ele também aponta o ganho de conhecimento, por parte de alunos e pesquisadores; melhoria nas condições de segurança e trabalho dos profissionais envolvidos, como um dos legados das olímpiadas[3].
O impacto positivo também foi visto por parte do turismo. Pois, segundo um levantamento do Ministério do Turismo, 87,7% dos turistas estrangeiros pretendem retornar ao Brasil e 94,2% dos brasileiros desejam voltar ao Rio de Janeiro. Isso mostra que o turismo foi um dos maiores beneficiados pelos jogos olímpicos[4].
Mas ao mesmo tempo, surgiram alguns legados negativos sobre as Olimpíadas. A primeira delas foi durante os Jogos Olímpicos, pois o Brasil estava em uma crise política, devido ao processo de impeachment de Dilma Rousseff; o país estava passando por uma epidemia do zika vírus, que colocou em xeque, a parte epidemiológica do Brasil; e a poluição de massas d'agua como a Baía de Guanabara e a Lagoa Rodrigo de Freitas;
Outro legado negativo, foram as construções abandonadas e obras inacabadas, de alguns lugares que sediaram as modalidades esportivas; além da subtilização de algumas das estruturas olímpicas; além de algumas alterações urbanas, que foram alvos de contestação.
Além de tudo isso, surgiram denuncias de que, a eleição para a escolha da sede das olímpiadas de 2016, teve a suspeita de compra de votos. O Ex-governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, admitiu que comprou votos de membros, para favorecer a cidade do Rio, na votação. Cabral também afirmou, que o Ex-presidente do COB Carlos Arthur Nuzman, indicou o presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Lamine Diack, como intermediário da negociação. Além de ter afirmado que vendeu votos para grandes nomes do esporte olímpico, que estavam como eleitores, na votação de 2009.
Já nesse ano, teremos os Jogos Olímpicos, na cidade de Tóquio. Estava previsto para ocorrer em 2020. Mas devido a pandemia da Covid-19, o evento foi adiado para 2021 e irá ocorrer entre os dias 23 de julho e 8 de agosto. Será a oportunidade de matarmos um pouco da saudade dos jogos olímpicos do Rio. Na imagem abaixo, os links com as referências do trabalho.