quinta-feira, 22 de julho de 2021

Mapa de distribuição geográfica das instalações esportivas dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016, no Rio de Janeiro

No embalo dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 (adiado por 1 ano, devido a pandemia da Covid-19), estou postando neste blog, os mapas com a distribuição geográfica das instalações dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

Não foi a primeira vez que o Brasil se candidatou para receber uma Olímpiada. A primeira candidatura que o Brasil apresentou para sediar os Jogos Olímpicos, foi para receber a edição das Olímpiadas de 2000, quando a cidade de Brasília, foi escolhida para pleitear o direito de receber uma Olímpiada. Porém a campanha não foi muito longe e acabou sendo eliminada. No fim, quem acabou sendo a escolhida, foi a cidade de Sydney, na Austrália.

Porém, o Brasil tentou, mais duas vezes, a possibilidade de sediar uma Olímpiada. Mas, dessa vez, a cidade escolhida foi a do Rio de Janeiro, que se candidatou para receber os Jogos de 2004 e 2012. Porém, em ambas as tentativas, foram em vão, pois a cidade não avançou para as fases seguintes. Em 2004, Atenas (Grécia) foi a escolhida. Já em 2012, foi a cidade de Londres (Reino Unido).

Apesar das tentativas sem sucesso, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) apresentou novamente, a cidade do Rio de Janeiro, para ser a candidata a sediar os Jogos de 2016. A campanha começou em 2008, quando a cidade carioca concorreu com Baku (Azerbaijão), Praga (República Tcheca), Doha (Catar), Tóquio (Japão), Chicago (Estados Unidos) e Madri (Espanha).

A disputa começa com a eliminação das cidades de Baku (Azerbaijão) e Praga (República Tcheca), que tiveram a nota abaixo do corte mínimo, que era de 6,0. O Rio de Janeiro avançou com a nota 6,4, que era a menor nota das cidades que passaram para a fase seguinte. Tóquio (9,0), Chicago (8,2), Madri (7,9) e Doha (7,1) tiveram as melhores avaliações do Comitê Olímpico Internacional (COI).

Apesar de Doha ter tido a nota superior em relação ao Rio, a capital do Catar foi eliminada pelo COI, pois o comitê olímpico local, fez a proposta, para que o país pudesse sediar as Olímpiadas, no mês de outubro, pois nos meses de julho e agosto, o país passa por um período de altas temperaturas, chegando a quase 50 ºC, durante a estação do verão. Apesar disso, o COI não aceitou a proposta e eliminou a cidade catariana. Independentemente do ocorrido, o país foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de 2022 e diferentemente do posicionamento do COI, a FIFA concordou em marcar as datas, para os meses de novembro e dezembro, o que irá ocorrer no próximo ano.

Diante de todo o contexto, a prefeitura da cidade carioca, o governo estadual e o governo federal, procuraram fazer uma campanha bastante massiva, para convencer os membros do COI a votarem na cidade do Rio, para que a metrópole pudesse ser escolhida para sediar o evento.

Alguns fatores estavam pesando negativamente para a candidatura carioca, como a questão da segurança e do transporte. Mas ainda sim, o COB procurou se aproximar dos membros do COI, por meio de viagens de políticos, inspeções e dossiês, para convencer os possíveis membros votantes, de que a capital fluminense era a candidatura certa, para sediar as Olímpiadas de 2016.

O Brasil também usou a seu favor, o contexto que o país passava naquele momento, como o fato do país ter se tornado uma importante potência econômica, chegando a figurar entre as 10 maiores forças econômicas do mundo e a descoberta do pré-sal, que fez o nosso país se reposicionar na geopolítica mundial.

No dia 02 de outubro de 2009, o COI organizou um evento em Copenhagen (Dinamarca), onde foi feita a votação, para escolher a cidade que iria sediar a edição de 2016, dos Jogos Olímpicos. A cidade do Rio de Janeiro concorreu com as cidades de Chicago, Tóquio e Madri.

O Brasil enviou uma delegação, que era composto por cerca de 60 pessoas, entre políticos, dirigentes esportivos e atletas. Entre os presentes, estavam o Então Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; o então Presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman; o Ex-presidente da FIFA e então presidente de honra da entidade máxima do futebol, João Havelange;  o então Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho; o então Prefeito da cidade carioca, Eduardo Paes (atualmente está exercendo um novo mandato, como prefeito do Rio); o então Ministro dos Esportes, Orlando Silva; o então presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer; o Então Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o então senador pelo Estado do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella.

Estiveram presentes também, atletas como César Cielo (campeão olímpico e mundial, na natação), Daniel Dias (campeão paralímpico, na natação); Ex-atletas como Pelé, Hortência, Gustavo Kuerten e Torben Grael; e até mesmo, o escritor Paulo Coelho.

Como foi falado anteriormente, o projeto apresentou problemas, nos quesitos de transporte e segurança. Entretanto, a candidatura do Rio procurou apresentar, uma proposta de que os Jogos Olímpicos, seriam marcados pelas ações ecológicas. Em uma entrevista para o portal Uol, o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, enfatizou o momento econômico que o Brasil vivia, onde ele argumentou que o Brasil, era a "10ª maior economia do mundo" e deixou claro que, o país teria garantias financeiras para viabilizar o evento.

Após as apresentações das candidaturas, foi iniciada a votação para a escolha da cidade-sede. Naquele ano, 97 membros do COI, estiveram aptos a votar. Dos 97 eleitores, 45 eram da Europa; 22 eram da Ásia; 20 eram das Américas; 15 eram da África; e 4 eram da Oceania.

O primeiro turno da votação ficou assim: Madri, 28 votos; Rio de Janeiro, 26 votos; Tóquio, 22 votos; e Chicago, 18 votos. Para a surpresa de muitos, a cidade norte-americana, foi a primeira ser eliminada, pois a cidade estadunidense era a segunda localidade mais bem avaliada pelo COI. Com isso, Madri, Rio de Janeiro e Tóquio, continuaram na disputa.

No segundo turno da votação, o resultado foi: Rio de Janeiro, 46 votos; Madri, 29 votos; e Tóquio, 20 votos. Assim, a eliminada da vez, foi a capital japonesa, que também surpreendeu o público, pois cidade japonesa era a mais cotada, para se eleger sede das olímpiadas. Com isso, Rio de Janeiro e Madri passaram para a fase seguinte.

Já no terceiro e ultimo turno, o resultado foi o seguinte: Rio de Janeiro, 66 votos; e Madri, 32 votos. Para a surpresa de muitos, a Cidade Maravilhosa foi eleita para sediar os jogos olímpicos de 2016. Um dos fatores que pode ter contribuído para a vitória do Rio de Janeiro, foi o discurso que a candidatura apresentou no evento. Inclusive, o então presidente Lula pediu ao COI para "vencer o desafio", para expandir os jogos olímpicos. Outros fatores foram: a campanha feita por Carlos Arthur Nuzman, frente ao COI; a influencia de João Havelange; e o corpo a corpo com o Pelé, no momento que antecedeu a votação.

Com isso, o Rio de Janeiro se tornou a primeira localidade sul-americana a sediar as olímpiadas, sendo a segunda cidade latino-americana a receber o evento (a única vez que uma cidade da América Latina recepcionou os Jogos Olímpicos, foi a Cidade do México, em 1968). E o Brasil entrou em um seleto grupo, que é composto por México, Alemanha e Estados Unidos, dos países que no intervalo de dois anos, sediaram a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos (O México sediou as Olímpiadas de 1968 e a Copa de 1970; Alemanha recebeu as Olimpíadas de 1972 e a Copa de 1974; os Estados Unidos hospedaram a Copa de 1994 e as Olímpiadas de 1996, e por ultimo, o Brasil recepcionou a Copa de 2014 e as Olímpiadas de 2016).

E assim, o Brasil se inseriu de vez, no mapa dos megaeventos. Tudo começou em 2007, quando a cidade do Rio de Janeiro, sediou os Jogos Pan-americanos; em 2008, o Brasil sediou a Copa do Mundo de Futsal; em 2011, a Cidade Maravilhosa sediou os Jogos Mundiais Militares; em 2013, o Brasil sediou a Copa das Confederações, no mês de junho; já no mês de julho, a capital fluminense sediou a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que atraiu pessoas de vários lugares do mundo e teve a presença do Papa Francisco, que havia sido eleito papa, em março daquele ano, e estava fazendo a sua primeira viagem, como Sumo Pontífice, além de ter ido a cidade de Aparecida do Norte (SP) e celebrado uma missa no Santuário Nacional. Em 2014, o nosso país sediou a Copa do Mundo; em 2016 sediou a Olímpiadas e a Paralímpiadas. E por último, o Brasil sediou a Copa América (nos anos de 2019 e 2021) e o Mundial sub-17 de Futebol (em 2019).

Apesar da vitória da cidade carioca, o COB enfrentou alguns desafios para viabilizar o evento na região. Primeiro, a questão da violência que a cidade do Rio enfrenta, pois esse tipo de situação, gerou uma desconfiança e, deixou no ar, o questionamento sobre as garantias de que a cidade pudesse oferecer segurança para os atletas, turistas e a própria população local. Outro fator, foi o fato dos Jogos Pan-americanos serem alvo de suspeita de corrupção, como no superfaturamento das obras e a má administração.

Apesar do evento inicialmente ter o apoio da população brasileira, alguns questionamentos começaram a surgir na opinião pública em relação a realização do evento. Um dos fatores que começaram a gerar a insatisfação, foi o atraso nas obras de infraestrura e das instalações esportivas, além das manifestações em 2013, que ocorreram durante a disputa da Copa das Confederações.

Inicialmente, as manifestações começaram na cidade de São Paulo. O principal motivo dos protestos, foi o aumento da tarifa de ônibus, trens e metrô, da capital paulista. Devido a isso, o Movimento Passe Livre (MPL) articulou as manifestações contra a medida. Porém com o passar dos dias, o movimento ganhou força e começou a abarcar outras pautas e uma delas, foi o uso do dinheiro nos megaeventos, pois os movimentos sociais criticaram o uso das verbas públicas para os grandes eventos e argumentavam que esse investimento feito para a Copa do Mundo e para as Olímpiadas, poderia ter sido destinado a educação e a saúde. 

Além dessas duas situações, os outros fatores foram: resposta a repressão da polícia, que ocorreu na primeira manifestação; o combate a corrupção; a reforma política; fim do foro privilegiado e ate mesmo, a retirada da pauta de um projeto no Congresso, que aprovava a "cura gay", que permitia tratamentos psicológicos de "reversão" da homossexualidade. 

Passando por essa contextualização, falaremos agora da realização dos Jogos Olímpicos.

As Olímpiadas do Rio de Janeiro, ocorreu entre os dias 5 e 21 de agosto de 2016. Nesse período, o Brasil enfrentava uma crise política, pois a então presidente Dilma Rousseff, havia sido afastada pelo Senado Federal, por suspeita de crime de responsabilidade. Com isso, o então vice-presidente Michel Temer, assumiu o cargo de forma interina e estava nessa condição, quando ocorreu os Jogos Olímpicos. Ele só assumiria o cargo de forma definitiva, no dia 31 de agosto (dez dias após o fim dos jogos olímpicos), quando ocorreu o impeachment de Dilma Rousseff.

Embora a abertura tivesse ocorrido no dia 05/08, os Jogos Olímpicos começaram dois dias antes, no dia 3, pois nesse dia, foi disputado os primeiros jogos do futebol, que geralmente costuma ocorrer antes da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. A abertura foi no Estádio do Maracanã, que se tornou o primeiro estádio não-olímpico a receber as cerimonias de abertura e encerramento de uma olímpiada [1]. O Ex-maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, foi o responsável por acender a tocha olímpica, dando início aos Jogos Olímpicos[2].

Outra questão que chama atenção, é que, embora as olímpiadas fossem de verão, os jogos olímpicos ocorreram no período de inverno, pois no Brasil, a estação acontece entre os períodos de junho e setembro, pois boa parte do nosso país, está localizado no hemisfério sul. Porém, a cidade carioca não costuma ter uma amplitude térmica maior, o que acaba não sendo perceptível as mudanças do tempo, ao longo do ano.

As Olímpiadas foram disputadas em quatro regiões da Cidade Maravilhosa: Barra da Tijuca (onde fica localizado o Parque Olímpico), Copacabana, Deodoro e Maracanã. As imagens abaixo mostram os mapas de localização de cada instalação olímpica.





As instalações não ficaram restritas a cidade carioca. Cinco capitais brasileiras também sediaram eventos ligados aos Jogos Olímpicos. Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Salvador e São Paulo sediaram as partidas de futebol, e assim, a Olímpiada não ficou restrita a capital fluminense. As imagens abaixo mostram o mapa do Brasil, com a diferenciação das cores para identificar as sedes do futebol, além das tabelas da relação das instalações olímpicas da Rio 2016.











Falando um pouco dos Jogos Olímpicos, o evento foi disputado por 207 países, tendo 39 modalidades esportivas, 306 provas e 11.238 atletas. O Brasil teve 465 atletas, sendo 256 homens e 209 mulheres, sendo a maior delegação da história. O Brasil teve a melhor participação na história dos Jogos Olímpicos, tendo conquistado 19 medalhas, sendo sete de ouro, seis de prata e seis de bronze, e assim, o Brasil terminou os jogos olímpicos em 12º lugar, no quadro de medalhas.

O Brasil subiu ao pódio em 12 oportunidades: atletismo, boxe, canoagem velocidade, futebol, ginástica artística, judô, maratonas aquáticas, tae-kwon-do, tiro esportivo, vela, vôlei e vôlei de praia.

Foi nessa olímpiada, que o futebol brasileiro ganhou a inédita medalha de ouro, com o time masculino; o ouro inédito no boxe, com o Robson Conceição; as três medalhas do Izaquias Queiroz , da canoagem, que se tornou o primeiro atleta olímpico brasileiro a obter esse feito, em uma edição de olímpiada; a conquista inédita do judô feminino, com a Rafaela Silva; entre outros.

Os jogos olímpicos no Brasil trouxe alguns legados que marcaram essa edição. Os legados positivos foram: segundo a reportagem da faculdade de comunicação da Universidade Metodista de São Paulo, um dos legados positivos das olímpiadas foi a receptividade do povo, pois a Professora Andreia Nakane explica que, a característica que o Brasil tem, é de acolher os estrangeiros. Ela também enfatiza que a cidade do Rio ficará na história, por ter sido a primeira cidade da América do Sul a sediar uma edição de Jogos Olímpicos.

Já o Professor Holger Preuss, da Universidade de Mainz, na Alemanha, ao falar com o site Hoje em Dia, afirma que a infraestrutura é um dos legados que os jogos olímpicos trouxe para o Brasil. Ele também aponta o ganho de conhecimento, por parte de alunos e pesquisadores; melhoria nas condições de segurança e trabalho dos profissionais envolvidos, como um dos legados das olímpiadas[3].

O impacto positivo também foi visto por parte do turismo. Pois, segundo um levantamento do Ministério do Turismo, 87,7% dos turistas estrangeiros pretendem retornar ao Brasil e 94,2% dos brasileiros desejam voltar ao Rio de Janeiro. Isso mostra que o turismo foi um dos maiores beneficiados pelos jogos olímpicos[4].

Mas ao mesmo tempo, surgiram alguns legados negativos sobre as Olimpíadas. A primeira delas foi durante os Jogos Olímpicos, pois o Brasil estava em uma crise política, devido ao processo de impeachment de Dilma Rousseff; o país estava passando por uma epidemia do zika vírus, que colocou em xeque, a parte epidemiológica do Brasil; e a poluição de massas d'agua como a Baía de Guanabara e a Lagoa Rodrigo de Freitas; 

Outro legado negativo, foram as construções abandonadas e obras inacabadas, de alguns lugares que sediaram as modalidades esportivas; além da subtilização de algumas das estruturas olímpicas; além de algumas alterações urbanas, que foram alvos de contestação.

Além de tudo isso, surgiram denuncias de que, a eleição para a escolha da sede das olímpiadas de 2016, teve a suspeita de compra de votos. O Ex-governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, admitiu que comprou votos de membros, para favorecer a cidade do Rio, na votação. Cabral também afirmou, que o Ex-presidente do COB Carlos Arthur Nuzman, indicou o presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Lamine Diack, como intermediário da negociação. Além de ter afirmado que vendeu votos para grandes nomes do esporte olímpico, que estavam como eleitores, na votação de 2009.

Já nesse ano, teremos os Jogos Olímpicos, na cidade de Tóquio. Estava previsto para ocorrer em 2020. Mas devido a pandemia da Covid-19, o evento foi adiado para 2021 e irá ocorrer entre os dias 23 de julho e 8 de agosto. Será a oportunidade de matarmos um pouco da saudade dos jogos olímpicos do Rio. Na imagem abaixo, os links com as referências do trabalho.











sábado, 17 de julho de 2021

Mapa de distribuição geográfica do resultado das eleições presidenciais de 2014 por Unidade da Federação

 Estou postando neste blog, os mapas de distribuição geográfica das eleições presidenciais do ano de 2014.

Antes de falarmos das eleições, vamos abordar um pouco do contexto histórico do primeiro mandato do governo Dilma Rousseff:

O Governo Dilma Rousseff começou em 2011, dando continuidade as politicas sociais do Governo Lula e colocou como um dos objetivos, o combate a miséria, que embora tivesse um êxito no governo anterior, ainda era necessário dar continuidade ao projeto dos governos petistas. Com isso, o governo lançou o projeto Brasil Sem Miséria, com o objetivo de tirar cerca de 16,2 milhões de pessoas da extrema pobreza. Com isso, o governo ampliou o Bolsa Família, programa que foi aprimorado pelo Governo Lula, que é a junção dos programas de assistência social do Governo FHC.

O Governo deu continuidade ao projeto Minha Casa, Minha Vida, que tinha como objetivo, facilitar para que pessoas de baixa renda, pudessem financiar e comprar a sua casa própria. Com isso, a meta do governo era de subsidiar 2 milhões de casas, até o ano de 2014.

Seis meses após o começo do governo Dilma, estoura a primeira crise da gestão: o então Ministro-Chefe da Casa Civil, Antônio Palocci (que havia sido ministro da fazenda, no Governo Lula), deixou a pasta, por causa de uma acusação de que teria aumentado o patrimônio incompatível com a renda. Com isso, a então senadora e atualmente deputada federal, Gleisi Hoffmann (PT-PR), assumiu o cargo, no lugar de Palocci, ficando até o ano de 2014.

Na mesma gestão,  foi sancionada a Lei de Acesso a Informação (lei nº 12527/2011), que "obriga órgãos públicos federais, estaduais e municipais (ministérios, estatais, governos estaduais, prefeituras, empresas públicas, autarquias etc.)  a oferecer informações relacionadas às suas atividades a qualquer pessoa que solicitar os dados", e com isso, aplicou na prática, um dos princípios que está elencado no Artigo 37 da Constituição Federal, que é o princípio da publicidade[1].

Em 2012, foi criada a Comissão da Verdade, que teve como objetivo, "apurar as violações aos direitos humanos cometidos entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar"[2]. Embora o trabalho de apuração enfrentasse resistências do núcleo militar, devido ao caráter investigatório, o relatório final da Comissão da Verdade, responsabilizou agentes que praticaram torturas, constatou pessoas que foram mortas e desparecidas, e comprovou que militares também foram perseguidos. Devido ao resultado final do relatório, a Comissão recomendou uma abertura de processo judicial contra os envolvidos, pois não tinha um caráter punitivo.

Também na mesma gestão, foi aprovado o Novo Código Florestal, que definiu novas regras na parte ambiental, principalmente para a questão do uso do solo e de garantias de preservação dos biomas. O projeto enfrentou críticas de entidades ambientais e de profissionais ligados as áreas das ciências da terra (geólogos, geógrafos, biólogos, engenheiros florestais e ambientais etc.), pelo fato da proposta flexibilizar regras de ocupação e uso do solo, que embora pudesse beneficiar o agronegócio, prejudicaria diversas áreas de florestamento, principalmente as que ficam próximas de massas d'água (rios, nascentes, lagos etc.).  Embora, o projeto tenha sofrido criticas por ter vetado alguns pontos da lei, que poderia beneficiar o agronegócio, a presidente Dilma sancionou o Novo Código Florestal[3].

Ao assumir o mandato em 2011, Dilma Rousseff se deparou com o cenário de recessão econômica mundial. Diferentemente da crise mundial de 2008, quando o Brasil foi pouco atingido pelos efeitos desta crise, a de 2011-2012 atingiu em cheio a economia nacional. Para solucionar a crise, o governo aumentou os investimentos de infraestrutura no país, onde criou o Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2) e procurou ampliar as relações comerciais com a China e a América Latina.

Em 2013, o governo lançou o programa Mais Médicos, que incentivou a vinda de médicos cubanos ao Brasil, com objetivo de suprir a falta de profissionais da área médica, no interior do Brasil. Inicialmente, a classe médica mostrou resistência, devido ao fato de alguns acreditarem que os médicos cubanos pudessem tirar a vaga dos brasileiros. Embora houvesse isso, o governo manteve o programa e durou até 2019, quando o presidente Jair Bolsonaro, acabou com o Mais Médicos.

Porem, em 2013, o cenário começa a ficar negativo para o governo brasileiro, pois no mês de Junho daquele ano, começaram os protestos nas ruas, que acabou ganhando adesão de pessoas ligadas a movimentos sociais e estudantis. O principal motivo para o começo dos protestos, foi o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo e devido a isso, o Movimento Passe Livre (MPL), articulou os protestos contra a medida. Mas o que fez as manifestações ganharem mais força e adesão, foram fatores como: os gastos com os megaeventos (Copa das Confederações e Copa do Mundo, ambas realizadas no Brasil), a corrupção, o foro privilegiado, e mais investimentos em saúde e educação.

Devido a repercussão dos protestos, a aprovação do governo Dilma em julho de 2013, caiu de 55% para 31%, o que mostra que as manifestações até um certo ponto, colocaram em xeque a aprovação da gestão Dilma. Devido a todo o contexto, surgiram movimentos de esquerda sem vinculo partidário, movimentos de direita e extrema-direita, que pregavam politicas, que em muitas delas fogem da politica tradicional, etc.

Com esse cenário, chegamos em 2014 com a seguinte situação: o governo Dilma tinha a sua credibilidade em xeque, não pelo fato de estar aplicando a politica econômica e as políticas sociais, mas por ter tido dificuldades de dialogar com o Congresso, pois diferentemente do Lula, que tinha um bom transito no parlamento, principalmente com as legendas do Centrão, a presidente Dilma não negociava facilmente com as legendas desse grupo.

Devido ao cenário da instabilidade política, o então governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), rompeu com a base do governo no ano anterior e lançou a sua pré-candidatura a Presidência da República. E na segunda metade de 2013, acolheu a candidata a presidência em 2010, Marina Silva, que havia criado a Rede Sustentabilidade e procurava viabilizar o registro do partido, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o objetivo de lançar a sua candidatura a presidência da República, pelo partido. No final, a Marina Silva não conseguiu recolher as assinaturas suficientes para viabilizar o registro do partido, e por causa disso, havia o risco dela não conseguir levar adiante a sua candidatura. Para poder ser candidatar, ela entrou em acordo com Eduardo Campos, para que o PSB acolhesse os membros que se filiaram a Rede e isso acabou ocorrendo, e assim, ela pôde se candidatar a um cargo público. E nesse acordo, o politico pernambucano, ofereceu a vaga de vice para Marina Silva.

Porém no começo da campanha, no dia 13 de agosto de 2014, o candidato Eduardo Campos, falece em um acidente aéreo, na cidade de Santos-SP. O acidente ocorreu, quando uma aeronave de pequeno porte, estava tentando se aproximar do aeroporto e no momento em que o piloto e o copiloto fizeram a arremetida, a aeronave se chocou com edifícios residenciais, no município do litoral paulista. Além do candidato e dos tripulantes, morreram mais quatro passageiros, todos membros da equipe de campanha do Eduardo Campos. Ele era neto de Miguel Arraes (também Ex-governador de Pernambuco) e filho da Ex-deputada federal Ana Arraes (atualmente ministra do Tribunal de Contas da União - TCU). Embora o acidente tivesse passado por uma investigação, para apurar as possíveis causas, em 2019, o Ministério Público Federal (MPF) arquivou o inquérito, sem apontar os culpados pelas causas do acidente, por causa das impossibilidades em definir as razões da queda da aeronave.

Devido ao ocorrido, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) lançou a candidatura da Marina Silva, que se candidatava pela segunda vez consecutiva ao cargo de presidente, e escolheu, o então Deputado Federal pelo Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque (que estava se candidatando ao Senado pelo estado gaúcho, e renunciou a candidatura)[4], para compor a chapa, como candidato a vice. 

Já do lado do PT, havia uma expectativa para que o Ex-Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pudesse se candidatar pelo partido para um terceiro mandato, principalmente pelo fato de que o governo da Dilma, não estava tendo uma aprovação de mandato satisfatória. Porém, Lula descartou a possibilidade, por entender que Dilma tinha o direito de se candidatar a uma reeleição. E com isso, a presidente Dilma, pôde viabilizar a sua candidatura a reeleição e repetiu a dobradinha com o Vice-Presidente, Michel Temer (PMDB).

Por ultimo, o PSDB confirmou a candidatura do então senador mineiro Aécio Neves (neto de Tancredo Neves, que foi o eleito indiretamente e seria o primeiro presidente na história da redemocratização, mas faleceu antes de tomar posse), que foi aprovada nas primárias do partido e teve apoio de membros, como o Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o Ex-presidenciável José Serra, os então governadores Marconi Perillo (Goiás), Teotônio Vilela Filho (Alagoas) e Beto Richa (Paraná); do Então senador por São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira (que integrou a chapa do Aécio Neves, como candidato a Vice) e outros nomes, como o Paulinho da Força (Solidariedade) e o então senador pelo Rio Grande do Norte, José Agripino Maia (DEM-RN), que pertencem a partidos que compuseram a chapa do Aécio Neves.

No mesmo ano, começou a Operação Lava-Jato, que teve como objetivo principal, a promessa de combater a corrupção e a lavagem de dinheiro na Petrobrás e nas empreiteiras que tinham contrato com o governo. E com isso, foram abertos inquéritos em vários lugares do Brasil, além da instauração da investigação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar os atos de corrupção na Petrobrás e nas empreiteiras. A operação atingiu em cheio, a classe política, pois com o avanço da operação, vários políticos começaram a serem investigados e até presos, por suspeitas de  terem cometido falcatruas. A operação acabou colocando em xeque a política tradicional, pelo fato de vários políticos de diferentes espectros, serem investigados e condenados por corrupção.

Embora o governo Dilma, tenha feito algumas coisas que chamaram atenção do eleitorado, como de ter sancionado a distribuição dos royalties do petróleo para a educação, ter criado o programa Mais Médicos, de ter sancionado o Marco Civil da Internet, de ter sancionado o Plano Nacional de Educação (PNE), e de ter dado continuidade as políticas do governo Lula, a gestão de Dilma Rousseff enfrentava criticas, principalmente pelas manifestações de 2013, pela repercussão da condenação dos membros do PT pelo crime do Mensalão, as obras superfaturadas da Copa do Mundo e o surgimento da Operação Lava-Jato, além dos desdobramentos do trabalho de investigação, que acabaram contribuindo para a diminuição da aprovação do mandato, por parte do eleitorado.

As eleições tiveram a participação de 11 candidatos, sendo a quarta eleição com a maior quantidade de candidatos, sendo somente superado, pelas eleições de 1998 (12 candidaturas), 2018 (13 Candidaturas) e 1989 (21 candidaturas).

Com isso tudo, os principais candidatos foram: Dilma Rousseff (PT), candidata a reeleição; Aécio Neves (PSDB), Ex-governador de Minas Gerais e então senador pelo estado mineiro; Marina Silva (PSB), candidata pela segunda vez consecutiva e em substituição ao Eduardo Campos, que acabou falecendo no começo da campanha. Luciana Genro (PSOL), Ex-deputada federal pelo Rio Grande do Sul; Pastor Everaldo (PSC), Ex-subsecretário da Casa Civil no governo do Rio de Janeiro; Eduardo Jorge (PV), Ex-deputado federal por São Paulo e Levy Fidelix (PRTB), famoso pelo projeto do Aerotrem (projeto de trem-bala, que ligaria São Paulo ao Rio de Janeiro) e por discursos alinhados ao conservadorismo.

Essa eleição, marcou o recorde de candidaturas em que mulheres foram as cabeças de chapa. Foram 3 candidaturas que tiveram mulheres a frente da cabeça de chapa: Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Luciana Genro (PSOL).

Os debates eleitorais abordaram pouco a questão das pautas morais, como aborto, legalização das drogas e a agenda LGBTQIA+. Apenas os candidatos Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSOL) abordaram abertamente o assunto do aborto, pois os três candidatos mais cotados (Dilma, Aécio e Marina) não abordaram muito essa pauta, principalmente porque é um assunto espinhoso e que acaba gerando polêmicas acerca do tema.

Um das repercussões mais conhecidas dessa eleição, foi quando o candidato Levy Fidelix (PRTB) em um debate televisivo, ao se referir as relações homossexuais, afirmou que "o crescimento dos casamentos gays pode reduzir o tamanho da população brasileira e sugeriu que homossexuais precisam de "ajuda psicológica", e ainda disse, que o "aparelho excretor não reproduz", em referencia a relação sexual entre pessoas do sexo masculino. Esse tipo de declaração gerou reações negativas, principalmente da candidata Luciana Genro (PSOL), que acusou o candidato Levy Fidelix de ter feito comentários homofóbicos. A declaração do candidato do PRTB também repercutiu negativamente entre as entidades que defendem a causa LGBTQIA+.

Os debates no primeiro turno focaram na questão da economia, do Mensalão e das corrupções na Petrobrás, onde o candidato Aécio procurava criticar a candidata Dilma em relação a esses temas, principalmente acusando o a presidente de provocar a inflação e de praticar corrupção.

No primeiro turno, Dilma Rousseff (PT) terminou na frente, com 41,59% dos votos; o candidato Aécio Neves (PSDB), ficou em segundo lugar, com 33,55% dos votos; e Marina Silva (PSB), ficou em terceiro lugar com 21,32%. Dilma venceu em 15 Estados; Aécio venceu em 9 Estados e no Distrito Federal; e Marina venceu nos estados do Acre e Pernambuco, mas obteve bons desempenhos em lugares como em São Paulo, Rio de Janeiro, e no Distrito Federal, e em alguns estados do Nordeste e do Norte. Nas imagens abaixo, o mapa com a distribuição geográfica e a tabela com o resultado do primeiro turno.


Com isso, Dilma e Aécio foram para o Segundo turno, que consolidou a polarização "PT/PSDB", que começou em 1994, mas teve o seu ápice entre 2002 e 2014, quando esses dois partidos se enfrentaram em disputas de 2º Turno, de forma consecutiva, e assim, confirmou a força que esses partidos tinham, até então.

Os embates de segundo turno foram os mais complexos e polêmicos, pois ambos os candidatos fizeram acusações e troca de farpas, em relação a assuntos como de corrupção e da economia. Foram debates que deixaram as eleições bastante imprevisíveis e que deu a chance, ou de Dilma se reeleger ou do Aécio vencer.

No Segundo Turno, Dilma Rousseff se reelegeu com 51,64%, derrotando o candidato Aécio Neves, que teve 48,36%, que é considerado a menor diferença percentual entre dois candidatos, e com a menor diferença no número de votos, que foi de cerca de 3 milhões. Dilma venceu em 15 Estados e Aécio venceu em 11 Estados e no Distrito Federal (assim como em 2010, Dilma ganhou no Rio Grande do Sul no 1º Turno e perdeu no 2º Turno). Nas imagens abaixo, o mapa de distribuição geográfica e a tabela com os resultados.




Um dos fatores que pode ter ajudado a Dilma a vencer essa eleição, foram as vitórias em Minas Gerais e no Rio de Janeiro (que são os maiores colégios eleitorais do Brasil, juntamente com São Paulo), e que podem ter sido cruciais para que a Dilma caminhasse para a vitória. Inicialmente, o candidato Aécio alegou que houve fraude na votação e devido a isso, o PSDB contratou uma auditoria para avaliar uma possível adulteração dos dados eleitorais, mas ficou constatado que não houve fraudes nas urnas eletrônicas.

Com isso, Dilma Rousseff se tornou a terceira pessoa no cargo de presidente a se reeleger para um segundo mandato, e a primeira e única mulher a se reeleger para esse cargo. Com isso, Dilma começou o seu segundo mandato em 2015 e tinha previsão de término para 2018. Porém, em 2016, sofreu o impeachment pelo Congresso Nacional, por suspeita de crimes de responsabilidade, embora existam controversas em relação a forma de como o processo foi conduzido e o contexto político daquele momento. Devido a isso, o então Vice-Presidente Michel Temer (PMDB) assumiu o mandato, concluindo em 2018. Nas imagens abaixo, os links e as referências do trabalho.






Mapa de distribuição geográfica das equipes brasileiras vencedoras de Libertadores

Estou postando no blog, os mapas de distribuição geográfica das equipes brasileiras que venceram a Libertadores da América. No último dia 27...