sábado, 17 de julho de 2021

Mapa de distribuição geográfica do resultado das eleições presidenciais de 2014 por Unidade da Federação

 Estou postando neste blog, os mapas de distribuição geográfica das eleições presidenciais do ano de 2014.

Antes de falarmos das eleições, vamos abordar um pouco do contexto histórico do primeiro mandato do governo Dilma Rousseff:

O Governo Dilma Rousseff começou em 2011, dando continuidade as politicas sociais do Governo Lula e colocou como um dos objetivos, o combate a miséria, que embora tivesse um êxito no governo anterior, ainda era necessário dar continuidade ao projeto dos governos petistas. Com isso, o governo lançou o projeto Brasil Sem Miséria, com o objetivo de tirar cerca de 16,2 milhões de pessoas da extrema pobreza. Com isso, o governo ampliou o Bolsa Família, programa que foi aprimorado pelo Governo Lula, que é a junção dos programas de assistência social do Governo FHC.

O Governo deu continuidade ao projeto Minha Casa, Minha Vida, que tinha como objetivo, facilitar para que pessoas de baixa renda, pudessem financiar e comprar a sua casa própria. Com isso, a meta do governo era de subsidiar 2 milhões de casas, até o ano de 2014.

Seis meses após o começo do governo Dilma, estoura a primeira crise da gestão: o então Ministro-Chefe da Casa Civil, Antônio Palocci (que havia sido ministro da fazenda, no Governo Lula), deixou a pasta, por causa de uma acusação de que teria aumentado o patrimônio incompatível com a renda. Com isso, a então senadora e atualmente deputada federal, Gleisi Hoffmann (PT-PR), assumiu o cargo, no lugar de Palocci, ficando até o ano de 2014.

Na mesma gestão,  foi sancionada a Lei de Acesso a Informação (lei nº 12527/2011), que "obriga órgãos públicos federais, estaduais e municipais (ministérios, estatais, governos estaduais, prefeituras, empresas públicas, autarquias etc.)  a oferecer informações relacionadas às suas atividades a qualquer pessoa que solicitar os dados", e com isso, aplicou na prática, um dos princípios que está elencado no Artigo 37 da Constituição Federal, que é o princípio da publicidade[1].

Em 2012, foi criada a Comissão da Verdade, que teve como objetivo, "apurar as violações aos direitos humanos cometidos entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar"[2]. Embora o trabalho de apuração enfrentasse resistências do núcleo militar, devido ao caráter investigatório, o relatório final da Comissão da Verdade, responsabilizou agentes que praticaram torturas, constatou pessoas que foram mortas e desparecidas, e comprovou que militares também foram perseguidos. Devido ao resultado final do relatório, a Comissão recomendou uma abertura de processo judicial contra os envolvidos, pois não tinha um caráter punitivo.

Também na mesma gestão, foi aprovado o Novo Código Florestal, que definiu novas regras na parte ambiental, principalmente para a questão do uso do solo e de garantias de preservação dos biomas. O projeto enfrentou críticas de entidades ambientais e de profissionais ligados as áreas das ciências da terra (geólogos, geógrafos, biólogos, engenheiros florestais e ambientais etc.), pelo fato da proposta flexibilizar regras de ocupação e uso do solo, que embora pudesse beneficiar o agronegócio, prejudicaria diversas áreas de florestamento, principalmente as que ficam próximas de massas d'água (rios, nascentes, lagos etc.).  Embora, o projeto tenha sofrido criticas por ter vetado alguns pontos da lei, que poderia beneficiar o agronegócio, a presidente Dilma sancionou o Novo Código Florestal[3].

Ao assumir o mandato em 2011, Dilma Rousseff se deparou com o cenário de recessão econômica mundial. Diferentemente da crise mundial de 2008, quando o Brasil foi pouco atingido pelos efeitos desta crise, a de 2011-2012 atingiu em cheio a economia nacional. Para solucionar a crise, o governo aumentou os investimentos de infraestrutura no país, onde criou o Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2) e procurou ampliar as relações comerciais com a China e a América Latina.

Em 2013, o governo lançou o programa Mais Médicos, que incentivou a vinda de médicos cubanos ao Brasil, com objetivo de suprir a falta de profissionais da área médica, no interior do Brasil. Inicialmente, a classe médica mostrou resistência, devido ao fato de alguns acreditarem que os médicos cubanos pudessem tirar a vaga dos brasileiros. Embora houvesse isso, o governo manteve o programa e durou até 2019, quando o presidente Jair Bolsonaro, acabou com o Mais Médicos.

Porem, em 2013, o cenário começa a ficar negativo para o governo brasileiro, pois no mês de Junho daquele ano, começaram os protestos nas ruas, que acabou ganhando adesão de pessoas ligadas a movimentos sociais e estudantis. O principal motivo para o começo dos protestos, foi o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo e devido a isso, o Movimento Passe Livre (MPL), articulou os protestos contra a medida. Mas o que fez as manifestações ganharem mais força e adesão, foram fatores como: os gastos com os megaeventos (Copa das Confederações e Copa do Mundo, ambas realizadas no Brasil), a corrupção, o foro privilegiado, e mais investimentos em saúde e educação.

Devido a repercussão dos protestos, a aprovação do governo Dilma em julho de 2013, caiu de 55% para 31%, o que mostra que as manifestações até um certo ponto, colocaram em xeque a aprovação da gestão Dilma. Devido a todo o contexto, surgiram movimentos de esquerda sem vinculo partidário, movimentos de direita e extrema-direita, que pregavam politicas, que em muitas delas fogem da politica tradicional, etc.

Com esse cenário, chegamos em 2014 com a seguinte situação: o governo Dilma tinha a sua credibilidade em xeque, não pelo fato de estar aplicando a politica econômica e as políticas sociais, mas por ter tido dificuldades de dialogar com o Congresso, pois diferentemente do Lula, que tinha um bom transito no parlamento, principalmente com as legendas do Centrão, a presidente Dilma não negociava facilmente com as legendas desse grupo.

Devido ao cenário da instabilidade política, o então governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), rompeu com a base do governo no ano anterior e lançou a sua pré-candidatura a Presidência da República. E na segunda metade de 2013, acolheu a candidata a presidência em 2010, Marina Silva, que havia criado a Rede Sustentabilidade e procurava viabilizar o registro do partido, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o objetivo de lançar a sua candidatura a presidência da República, pelo partido. No final, a Marina Silva não conseguiu recolher as assinaturas suficientes para viabilizar o registro do partido, e por causa disso, havia o risco dela não conseguir levar adiante a sua candidatura. Para poder ser candidatar, ela entrou em acordo com Eduardo Campos, para que o PSB acolhesse os membros que se filiaram a Rede e isso acabou ocorrendo, e assim, ela pôde se candidatar a um cargo público. E nesse acordo, o politico pernambucano, ofereceu a vaga de vice para Marina Silva.

Porém no começo da campanha, no dia 13 de agosto de 2014, o candidato Eduardo Campos, falece em um acidente aéreo, na cidade de Santos-SP. O acidente ocorreu, quando uma aeronave de pequeno porte, estava tentando se aproximar do aeroporto e no momento em que o piloto e o copiloto fizeram a arremetida, a aeronave se chocou com edifícios residenciais, no município do litoral paulista. Além do candidato e dos tripulantes, morreram mais quatro passageiros, todos membros da equipe de campanha do Eduardo Campos. Ele era neto de Miguel Arraes (também Ex-governador de Pernambuco) e filho da Ex-deputada federal Ana Arraes (atualmente ministra do Tribunal de Contas da União - TCU). Embora o acidente tivesse passado por uma investigação, para apurar as possíveis causas, em 2019, o Ministério Público Federal (MPF) arquivou o inquérito, sem apontar os culpados pelas causas do acidente, por causa das impossibilidades em definir as razões da queda da aeronave.

Devido ao ocorrido, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) lançou a candidatura da Marina Silva, que se candidatava pela segunda vez consecutiva ao cargo de presidente, e escolheu, o então Deputado Federal pelo Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque (que estava se candidatando ao Senado pelo estado gaúcho, e renunciou a candidatura)[4], para compor a chapa, como candidato a vice. 

Já do lado do PT, havia uma expectativa para que o Ex-Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pudesse se candidatar pelo partido para um terceiro mandato, principalmente pelo fato de que o governo da Dilma, não estava tendo uma aprovação de mandato satisfatória. Porém, Lula descartou a possibilidade, por entender que Dilma tinha o direito de se candidatar a uma reeleição. E com isso, a presidente Dilma, pôde viabilizar a sua candidatura a reeleição e repetiu a dobradinha com o Vice-Presidente, Michel Temer (PMDB).

Por ultimo, o PSDB confirmou a candidatura do então senador mineiro Aécio Neves (neto de Tancredo Neves, que foi o eleito indiretamente e seria o primeiro presidente na história da redemocratização, mas faleceu antes de tomar posse), que foi aprovada nas primárias do partido e teve apoio de membros, como o Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o Ex-presidenciável José Serra, os então governadores Marconi Perillo (Goiás), Teotônio Vilela Filho (Alagoas) e Beto Richa (Paraná); do Então senador por São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira (que integrou a chapa do Aécio Neves, como candidato a Vice) e outros nomes, como o Paulinho da Força (Solidariedade) e o então senador pelo Rio Grande do Norte, José Agripino Maia (DEM-RN), que pertencem a partidos que compuseram a chapa do Aécio Neves.

No mesmo ano, começou a Operação Lava-Jato, que teve como objetivo principal, a promessa de combater a corrupção e a lavagem de dinheiro na Petrobrás e nas empreiteiras que tinham contrato com o governo. E com isso, foram abertos inquéritos em vários lugares do Brasil, além da instauração da investigação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar os atos de corrupção na Petrobrás e nas empreiteiras. A operação atingiu em cheio, a classe política, pois com o avanço da operação, vários políticos começaram a serem investigados e até presos, por suspeitas de  terem cometido falcatruas. A operação acabou colocando em xeque a política tradicional, pelo fato de vários políticos de diferentes espectros, serem investigados e condenados por corrupção.

Embora o governo Dilma, tenha feito algumas coisas que chamaram atenção do eleitorado, como de ter sancionado a distribuição dos royalties do petróleo para a educação, ter criado o programa Mais Médicos, de ter sancionado o Marco Civil da Internet, de ter sancionado o Plano Nacional de Educação (PNE), e de ter dado continuidade as políticas do governo Lula, a gestão de Dilma Rousseff enfrentava criticas, principalmente pelas manifestações de 2013, pela repercussão da condenação dos membros do PT pelo crime do Mensalão, as obras superfaturadas da Copa do Mundo e o surgimento da Operação Lava-Jato, além dos desdobramentos do trabalho de investigação, que acabaram contribuindo para a diminuição da aprovação do mandato, por parte do eleitorado.

As eleições tiveram a participação de 11 candidatos, sendo a quarta eleição com a maior quantidade de candidatos, sendo somente superado, pelas eleições de 1998 (12 candidaturas), 2018 (13 Candidaturas) e 1989 (21 candidaturas).

Com isso tudo, os principais candidatos foram: Dilma Rousseff (PT), candidata a reeleição; Aécio Neves (PSDB), Ex-governador de Minas Gerais e então senador pelo estado mineiro; Marina Silva (PSB), candidata pela segunda vez consecutiva e em substituição ao Eduardo Campos, que acabou falecendo no começo da campanha. Luciana Genro (PSOL), Ex-deputada federal pelo Rio Grande do Sul; Pastor Everaldo (PSC), Ex-subsecretário da Casa Civil no governo do Rio de Janeiro; Eduardo Jorge (PV), Ex-deputado federal por São Paulo e Levy Fidelix (PRTB), famoso pelo projeto do Aerotrem (projeto de trem-bala, que ligaria São Paulo ao Rio de Janeiro) e por discursos alinhados ao conservadorismo.

Essa eleição, marcou o recorde de candidaturas em que mulheres foram as cabeças de chapa. Foram 3 candidaturas que tiveram mulheres a frente da cabeça de chapa: Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Luciana Genro (PSOL).

Os debates eleitorais abordaram pouco a questão das pautas morais, como aborto, legalização das drogas e a agenda LGBTQIA+. Apenas os candidatos Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSOL) abordaram abertamente o assunto do aborto, pois os três candidatos mais cotados (Dilma, Aécio e Marina) não abordaram muito essa pauta, principalmente porque é um assunto espinhoso e que acaba gerando polêmicas acerca do tema.

Um das repercussões mais conhecidas dessa eleição, foi quando o candidato Levy Fidelix (PRTB) em um debate televisivo, ao se referir as relações homossexuais, afirmou que "o crescimento dos casamentos gays pode reduzir o tamanho da população brasileira e sugeriu que homossexuais precisam de "ajuda psicológica", e ainda disse, que o "aparelho excretor não reproduz", em referencia a relação sexual entre pessoas do sexo masculino. Esse tipo de declaração gerou reações negativas, principalmente da candidata Luciana Genro (PSOL), que acusou o candidato Levy Fidelix de ter feito comentários homofóbicos. A declaração do candidato do PRTB também repercutiu negativamente entre as entidades que defendem a causa LGBTQIA+.

Os debates no primeiro turno focaram na questão da economia, do Mensalão e das corrupções na Petrobrás, onde o candidato Aécio procurava criticar a candidata Dilma em relação a esses temas, principalmente acusando o a presidente de provocar a inflação e de praticar corrupção.

No primeiro turno, Dilma Rousseff (PT) terminou na frente, com 41,59% dos votos; o candidato Aécio Neves (PSDB), ficou em segundo lugar, com 33,55% dos votos; e Marina Silva (PSB), ficou em terceiro lugar com 21,32%. Dilma venceu em 15 Estados; Aécio venceu em 9 Estados e no Distrito Federal; e Marina venceu nos estados do Acre e Pernambuco, mas obteve bons desempenhos em lugares como em São Paulo, Rio de Janeiro, e no Distrito Federal, e em alguns estados do Nordeste e do Norte. Nas imagens abaixo, o mapa com a distribuição geográfica e a tabela com o resultado do primeiro turno.


Com isso, Dilma e Aécio foram para o Segundo turno, que consolidou a polarização "PT/PSDB", que começou em 1994, mas teve o seu ápice entre 2002 e 2014, quando esses dois partidos se enfrentaram em disputas de 2º Turno, de forma consecutiva, e assim, confirmou a força que esses partidos tinham, até então.

Os embates de segundo turno foram os mais complexos e polêmicos, pois ambos os candidatos fizeram acusações e troca de farpas, em relação a assuntos como de corrupção e da economia. Foram debates que deixaram as eleições bastante imprevisíveis e que deu a chance, ou de Dilma se reeleger ou do Aécio vencer.

No Segundo Turno, Dilma Rousseff se reelegeu com 51,64%, derrotando o candidato Aécio Neves, que teve 48,36%, que é considerado a menor diferença percentual entre dois candidatos, e com a menor diferença no número de votos, que foi de cerca de 3 milhões. Dilma venceu em 15 Estados e Aécio venceu em 11 Estados e no Distrito Federal (assim como em 2010, Dilma ganhou no Rio Grande do Sul no 1º Turno e perdeu no 2º Turno). Nas imagens abaixo, o mapa de distribuição geográfica e a tabela com os resultados.




Um dos fatores que pode ter ajudado a Dilma a vencer essa eleição, foram as vitórias em Minas Gerais e no Rio de Janeiro (que são os maiores colégios eleitorais do Brasil, juntamente com São Paulo), e que podem ter sido cruciais para que a Dilma caminhasse para a vitória. Inicialmente, o candidato Aécio alegou que houve fraude na votação e devido a isso, o PSDB contratou uma auditoria para avaliar uma possível adulteração dos dados eleitorais, mas ficou constatado que não houve fraudes nas urnas eletrônicas.

Com isso, Dilma Rousseff se tornou a terceira pessoa no cargo de presidente a se reeleger para um segundo mandato, e a primeira e única mulher a se reeleger para esse cargo. Com isso, Dilma começou o seu segundo mandato em 2015 e tinha previsão de término para 2018. Porém, em 2016, sofreu o impeachment pelo Congresso Nacional, por suspeita de crimes de responsabilidade, embora existam controversas em relação a forma de como o processo foi conduzido e o contexto político daquele momento. Devido a isso, o então Vice-Presidente Michel Temer (PMDB) assumiu o mandato, concluindo em 2018. Nas imagens abaixo, os links e as referências do trabalho.






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