quinta-feira, 24 de junho de 2021

Mapa de distribuição geográfica do resultado das eleições presidenciais de 2010 por Unidade da Federação

 Estou postando neste blog, os mapas com a distribuição geográfica do resultado das eleições presidenciais de 2010, por unidade federativa.

Foi uma eleição bastante marcada por peculiaridades que marcaram o período de profundas mudanças no cenário político em 2010. Vamos fazer uma recapitulação de alguns acontecimentos daquele ano:

-No começo de 2010, o então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, foi preso pela Polícia Federal, com a acusação de ter coagido testemunhas do caso do Mensalão do DEM, que foi um escândalo de corrupção que atingiu a base aliada, do até então governador do DF. Esse fato ficou marcado negativamente, por ter sido o primeiro governador na história do Brasil a ser preso, durante o exercício do mandato. A prisão do Arruda durou cerca de 2 meses, pois ele conseguiu um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e com essa decisão, conseguiu deixar a cadeia. Porém, Arruda perdeu o mandato de governador, por decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE/DF) por infidelidade partidária¹.

-No mesmo ano, foi aprovado pelo Senado Federal, a Lei Complementar nº 135 de 2010, que ficou mais conhecido como a Lei da Ficha Limpa, que é um conjunto de leis que apresenta pré-requisitos para que uma candidatura seja apta a concorrer a um cargo público. Essa lei foi oriunda de um projeto de iniciativa popular, encabeçado por entidades que fazem parte do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), e mobilizou vários setores da sociedade brasileira, entre eles, a Associação Brasileira de Magistrados, Procuradores e Promotores Eleitorais (Abramppe), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), organizações não governamentais, sindicatos, associações e confederações de diversas categorias profissionais, além da Igreja Católica. Foram obtidas mais de 1 milhão e 600 mil assinaturas em apoio.

-Em setembro do mesmo ano, estourou um escândalo na Casa Civil. A então Ministra-chefe Erenice Guerra (sucessora de Dilma Rousseff na pasta) foi considerada suspeita de cobrar propinas de empresários interessados em fazer negócios com o governo. Devido a isso, a ministra-chefe foi exonerada do cargo e alvo de sindicância, para apurar a situação. Em 2012, o processo contra Erenice foi arquivado na Justiça Federal, por falta de provas². 

Nesse mesmo ano, a eleição começou com o seguinte cenário: o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estava no seu último ano de mandato e não pôde tentar um novo mandato consecutivo, o que acabou sendo a primeira eleição direta, desde a redemocratização, em que o Lula não foi candidato a Presidência da República.

O então presidente, possuía um alto índice de aprovação de mandato, devido a vários fatores como: a ampliação dos programas sociais; o surgimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que foi um programa de incentivo as obras de infraestrutura no Brasil; o crescimento da economia brasileira, que fez o país se tornar uma das principais potências econômicas no mundo e a descoberta do pré-sal, que ajudou a posicionar o Brasil na geopolítica mundial. Em dezembro de 2010, Lula tinha um índice de popularidade de 87% e de aprovação de 80% da sua gestão, que são patamares que nunca haviam sido alcançados anteriormente.

As eleições presidenciais contaram com 9 candidaturas. Os principais candidatos foram: Dilma Rousseff (PT), Ex-Ministra-chefe da Casa Civil do Governo Lula; José Serra (PSDB), Ex-prefeito da cidade de São Paulo e Ex-governador do Estado de São Paulo; Marina Silva (PV), Ex-Ministra do Meio Ambiente do Governo Lula (pediu desfiliação do PT em 2009, que alimentou rumores de que a saída foi pelo desejo de se candidatar a presidência do Brasil); e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), o candidato mais velho a disputar a cadeira de presidente.

Essas eleições foram marcadas por causa de uma pauta que faz parte do campo moral (embora alguns especialistas acreditam que o tema entre na questão de saúde pública ou na questão penal), mas é alvo de debate nos dias atuais, que é a questão da descriminalização do aborto, que costuma ser bastante polêmico, por envolver o segmento religioso, que contesta qualquer possibilidade de legalização da prática, embora uma parte da comunidade científica e acadêmica, defendam debates acerca do assunto. Nessa eleição, os candidatos debateram essa questão no período eleitoral.

A candidata Dilma Rousseff declarou no começo da campanha que era favorável ao debate da descriminalização do aborto, por entender que a pauta era de saúde pública e que a possível descriminalização poderia solucionar vários problemas relacionados a gravidez da mulher, além de defender a legalização da prática da interrupção voluntária de uma gravidez. Porém, o candidato José Serra começa a fazer críticas a proposta da candidata Dilma Rousseff, alegando que a descriminalização do aborto, poderia provocar uma carnificina de crianças no Brasil.

O que chama atenção é que o candidato Serra, enquanto ministro da saúde no Governo FHC, foi responsável pela implementação de norma técnica para a realização de aborto legal no Sistema Único de Saúde (SUS), e na eleição de 2010, se colocou como uma pessoa radicalmente contra a descriminalização do aborto, conforme a explicação de Jordão e Cabrini (2010). Isso mostra uma possível contradição do candidato Serra em relação a essa temática.

Já a candidata Marina Silva (que é protestante) se declarou contra a prática do aborto, mas apresentou uma sugestão de uma consulta pública para saber se a população era favorável ou contrário a prática do aborto. Essa sugestão gerou polêmica e criticas por parte do eleitorado conservador e religioso.

No Primeiro turno, a candidata Dilma teve 46,91% dos votos; o candidato Serra teve 32,61% dos votos; e a candidata Marina teve 19,33% dos votos. Dilma Rousseff venceu em 18 Estados; José Serra venceu em 8 Estados; e a Marina Silva, venceu no Distrito Federal, mas teve um bom desempenho nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Ceará e  Maranhão, e chegou a ficar em segundo em alguns estados como no Amapá, no Amazonas, em Pernambuco e no Rio de Janeiro. Nas imagens abaixo, o mapa e a tabela com o resultado do 1º Turno.


Já na campanha do 2º turno, a candidata Dilma acenou para uma mudança de postura em relação ao aborto. Devido a criticas e ao questionamento do segmento religioso sobre o tema, Dilma Rousseff passou a negar a possibilidade de mudar a legislação acerca do aborto legal, porém a candidata petista manteve a posição de que o tema seja debatido, segundo a fala de Jordão e Cabrini (2010).

O candidato Serra manteve o seu posicionamento contrário a prática do aborto e a sua possível descriminalização da prática. Jordão e Cabrini (2010) pontuou que a opinião do candidato tucano em relação a pauta, acabou se esvaziando, após o surgimento de uma notícia em que a então esposa do candidato, Monica Serra, havia feito um aborto em sua juventude, conforme relato de ex-alunas de Monica Serra³.

No segundo turno, Dilma Rousseff venceu José Serra, com 56,05% dos votos contra 43,95% dos votos do candidato José Serra. Dilma venceu em 15 Estados e no Distrito Federal, e Serra venceu em 11 Estados (revertendo as derrotas no primeiro turno nos estados do Espírito Santo, Goiás e Rio Grande do Sul). Nas imagens abaixo, o mapa e a tabela com o resultado do 2º Turno.




Com essa vitória, Dilma Rousseff se tornou a primeira mulher a ser eleita presidente, na história do Brasil. Os fatores principais para a vitória da Dilma foram: a alta aprovação do governo Lula e a alta popularidade do então presidente; e a presença do próprio Lula na campanha, que pedia votos e elogiava publicamente a candidata, que são as hipóteses que podem ter sido cruciais para a vitória da candidata petista.

Embora essa vitória tenha sido histórica, de 1989 até o ano de 2010, apenas seis candidaturas foram encabeçadas por mulheres, que foram: Lívia Abreu (PN) em 1989; Thereza Ruiz (PTN) em 1998; Heloísa Helena (PSOL) e Ana Maria Rangel (PRP), ambas em 2006; e Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV), ambas em 2010. 

Já as candidatas a vice foram: Íris de Araújo, vice do candidato Orestes Quércia (PMDB), e Gardênia Gonçalves, vice do candidato Esperidião Amin (PPR), em 1994; Carla Piranda, vice do candidato Alfredo Sirkis (PV), e Nanci Pilar, vice do candidato João de Deus (PTdoB), em 1998. Rita Camata (PMDB), vice do candidato José Serra (PSDB), e Dayse Oliveira, vice do candidato José Maria de Almeida (PSTU), em 2002. Delma Gama, vice de Ana Maria Rangel (PRP), que é a única chapa com composição de mulheres na história recente das eleições, no ano de 2006. E por último, Cláudia Durans, vice do candidato José Maria de Almeida (PSTU), no ano de 2010.

Por esse levantamento, já podemos constatar que a política brasileira não costuma fazer a inclusão de mulheres dentro do ambiente político-partidário, principalmente pelo fato do Brasil reproduzir uma estrutura machista e patriarcal, que dificulta a participação das mulheres na política e o ambiente político reproduz o machismo, que está enraizado na sociedade brasileira.

Com o resultado da eleição, Dilma Rousseff começou o mandato em 2011, com previsão de término para o ano de 2014. Nas imagens abaixo, as referências e as fontes de pesquisa do trabalho.

¹https://www.conjur.com.br/2010-mar-16/tre-df-determina-perda-mandato-arruda-infidelidade-partidaria;


²https://www.nsctotal.com.br/noticias/inquerito-contra-a-ex-ministra-erenice-guerra-e-arquivado;


³https://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1610201011.htm.



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